19 de jul de 2022

Utilização de óleos vegetais em vez de insumos petroquímicos em soluções adesivas  reforça contribuição do campo e coloca o país na vanguarda mundial

Tecnologia com energia renovável em adesivos e o papel do Brasil no cenário mundial

O mundo pede urgência na adoção de procedimentos mais sustentáveis e, em paralelo, empresas buscam formas de encontrar soluções alternativas e renováveis que possam ser aplicadas em substituição à petroquímica, uma fonte não renovável, cara, poluidora e finita. Dentro desse contexto, o Brasil surge como protagonista na aplicação de tecnologias adesivas com poliol de fonte vegetal.

Dois fatores colocam o país na vanguarda de aplicações com fonte vegetal: a qualificação técnica existente no mercado químico nacional e o suporte dado pela agricultura na utilização de materiais oleaginosos como base. Em vez de polióis oriundos do petróleo, esses espaços começam a ser ocupados pelo óleo de soja, etanol, entre outros materiais renováveis.

O Brasil é o maior produtor mundial de soja e cana-de-açúcar (base do etanol). Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil responde por 35,5% da oferta global de soja mundial, e a expectativa é que o país produza 149 milhões de toneladas de soja para o ciclo de 2022/2023, um recorde. Os EUA aparecem em segundo na lista dos maiores produtores do planeta.

E quando o assunto é cana-de-açúcar, o Brasil é responsável por 22% da produção do planeta, superior a qualquer outro país, levantou o Instituto de Economia Agrícola (IEA). Na safra de 2020/201 foram produzidos 654,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, destinados à produção de 41,2 milhões de toneladas de açúcar e 29,7 bilhões de litros de etanol.

Essa fartura de insumos limpos já se traduz em aplicações de alta performance em diferentes segmentos industriais no Brasil, como o mercado de embalagens, em que o adesivo usado para fixar as laminações é composto por óleos vegetais.
Uma solução adesiva de fonte renovável tem ganhos sustentáveis em várias etapas, a começar pela captação do insumo. A extração de recursos finitos do subsolo consome altos valores e energia, ao contrário do investimento em obtenção de insumos vindos de plantações, que se renovam com o tempo sem degradar a natureza.

Já no campo fabril, o adesivo permite aplicações industriais com menor temperatura, o que representa menor gasto energético e consumo de carbono, otimização de processos e maior segurança laboral.

Para exemplificar a concepção de um adesivo hotmelt reativo, o material é feito à base de poliuretano (PU). O poliuretano, por sua vez, é resultado da mistura de isocianato e poliol. A diferença da tecnologia adesiva em relação à convencional está na composição do poliol, com fonte vegetal em vez de energia não renovável.

O aproveitamento de fontes renováveis em tecnologias adesivas se contrapõe à complexidade na extração dos recursos não renováveis. Diferentemente de uma fonte não renovável, como o petróleo, que é um recurso caro, poluente e finito, os recursos de origem vegetal são renováveis, limpos e encontrados com mais facilidade no país.

O desenvolvimento de solução adesiva pioneira tem despertado interesse de centros como América do Norte, Europa e Ásia. Fábricas no exterior querem entender a especificidade das tecnologias limpas e como aproveitá-las em diferentes segmentos. O Brasil deu os primeiros passos na adoção de força renovável na produção industrial, o que representa uma grande conquista. Neste mundo movido a desafios, a próxima missão é ampliar a tecnologia com polióis vegetais para o maior número de segmentos industriais.


*Carlos Motta é Gerente de Desenvolvimento e Aplicações da Henkel